quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Esse é meu Destino, porque é a minha Escolha

Esse é meu Destino, porque é a minha Escolha

Essa é mais uma história de amor a primeira vista, contudo essa é diferente das que conhecemos. Além dela ser uma paródia da vida real, ela também vai além das relações que conhecemos. É algo maior e diferente, mas que depende da paixão e do amor. Uma relação da vida concreta e que não necessariamente tenha um final feliz, pois nem toda história de amor foi feita para finais felizes. Ou ainda, esperamos um paraíso e insistimos em não perceber que ele não existe.

Uma história que carrega as contradições e confusões do ser humano. E acima de tudo das escolhas... Afinal, nosso destino é fruto de nossas escolhas, daquilo que fazemos ou deixamos de fazer, daquilo que pensamos ou deixamos de pensar, daquilo que concordamos e não concordamos... Contudo, jamais daquilo que é certo ou errado, pois isso é subjetivo! Nem toda escolha certa é certa pra todo mundo e nem sempre somos obrigados a fazer aquilo que as pessoas dizem que é certo. Transgredir, rebelar são escolhas, boas escolhas. Fundamental é buscar aquilo que te satifaça, te complete e que te faça feliz. Porém, essa busca não pode ser algo alienante, sem reflexão e irreponsável.

O amor talvez seja a maior busca de felicidade que realizamos por toda a vida. Por isso, as coisas que fazemos com a convicção da paixão são as maiores motivações que podemos ter. Não foi diferente com Noel, nosso querido personagem. Ele sempre foi tomado por esse sentimento quase incontrolável de buscar esse amor, contudo essa busca nem sempre depende só de vontade. Triste isso, bom seria que a vida e o amor fosse somente racional. Mas assim é a vida, a história provou que aqueles que acreditava que só a razão era instrumento de satisfação falhou. Por isso, compreender a dinâmica individual e respeitar cada uma delas é o ponto de partida. Assim, visões deterministas de certo e errado naufragam, ainda mais nessas relações de amor.

Desde cedo Noel via aquela garota rondar sua casa. Entrava sem pedir licensa e não tinha hora. E, impressionantemente, encantava todos e todas que a conheciam por ali. Verdade que causava brigas... Teve até gente que apanhou por causa dela, mas não achou ruim. Mas era cedo e Noel não conseguia entender, era quase um amor platônico, ou melhor, um complexo de édipo pós-moderno. Os olhos do menino Noel ficava vidrados com cada passo. Era fácil notar que dali sairia algo especial e que a vida desse pobre menino estaria entregue a esse destino.

Mas logo o que era amor platônico encontrou seu ódio, normal! E a garota apaixonante roubava de sua casa as pessoas que mais gostava por dias, semanas e até meses. Além de não entender sua paixão, Noel era obrigado a se distanciar de pessoas que tanto gostava. Talvez isso seja a origem desse tão grande amor e ódio. Não sei... Isso de fato só Noel poderia responde para gente.

Cansado dessa incomprensão Noel decidiu se apresentar a tal garota. Ainda muito novo, por volta de 9 anos, e tímido pensou várias maneiras de fazer isso, entretanto não conseguia decidir. Pediu ajuda ao seu Pai, que o sugeriu escrever uma carta, imediatamente considerou a ideia genial. Mas decidiu fazer uma carta diferente, uma carta que expressasse justamente aquele encanto que conheceu ainda criança. Pra resgatar esse encanto, buscou a opinião de muita gente e colocou na carta tudo aquilo que escutou. Mas o mais difícil foi entrega-la. Haja coragem!

Com a carta entregue a moça abriu um grande sorriso e disse: “Lindo! Tão novinho e já percebendo coisas tão complexas. Fará sucesso com as garotas”. Novamente nosso personagem foi acometido por uma relação de amor e ódio. Gostou da resposta, ao mesmo tempo não estava pronto pra aquilo.

Com isso, resolveu correr atrás. Não pra já, mas pra conquista-la no futuro. Tornou-se quase uma meta de vida. Queria estar presente em todos os lugares que ela estava, participava até de reunião. Sempre pedia pra sua mãe não deixa-lo de fora. E aí começou o problema.

Mesmo conhecido pela carta, Noel se transformou no “filho da fulana”. Assim que foi chamado desta forma por sua amada percebeu que estava trilhando um caminho errado e novamente foi acometido por aquela estranha sensação de amor e ódio. Queria nunca mais ver aquela garota, mas já tinha feito tanta coisa que tinha tornado quase que um obrigação. Além de ser o “filho da fulana”era quase um dever dele todos agora perguntavam, em tom de brincadeira, quando ele iria casar com ela. Até mesmo a própria incorporou esse tom. Foi terrível!

É importante parar aqui pra explicar uma característica importante de Noel. Nosso amigo parecia que tinha dois pares de asas, um desejo infinito no peito e um lado druida que não se calava. Sua vida era a base da liberdade e qualquer coisa que soasse obrigação ou controle trazia a maior repulsa possível. Fugia disso como diabo foge da cruz. Não se sabe o motivo, mas só sabemos que era assim.

Com isso, acumulava-se duas grandes frustações, sem falar no sentimento de obrigação que Noel acabou incorporando. Sendo assim, decidiu fugir daquilo que parecia ser destino. Ora, teria alguém tão novo um destino traçado? Claro que não, pois nosso destino é feito de escolhas. Quem leu o texto com atenção já sabe disso!

Foram longos anos de fuga, de novos conhecimentos, de novas vivências e experiências. O menino se tornava jovem. Conhecia cada vez mais a vida e carregava aquela história de amor como lição de vida. Estranhamente uma das escolhas de sua vida foi cursar psicologia, pois queria entender essa angústia que continuava a carregar mesmo depois de ter decidido se afastar. A verdade é que aquela garota nunca saiu da cabeça e do desejo de Noel.

Aos poucos, cursando a Universidade, foi percebendo isso. Vivendo novos ares, mudando de cidade e conhecendo as teorias viu que viveu algo forte e que tinha marcado sua vida. Eis que se abriu e buscou novamente aquela garota. Vou cotidianamente tentando reencontrar, mas parecia impossível. Ainda estava com medo, inseguro. Foi quando em sua nova cidade conheceu uma garota igual e de mesmo nome. Era como se fosse o primeiro encontro, Noel se sentiu em suas primeiras lembranças quando aquela moça adetrava sua casa encantando a todos. Não seria um encontro, mas sim um reencontro. Apaixonou-se e entregou-se!

Desta vez não tinha impedimentos, não era novo, não era filho e não era obrigação. Percebeu que ali poderia escrever em outro caderno a história que sempre quis escrever. E assim foi, uma relação intensa que começou num ingênuo primeiro encontro e se consolidou numa relação estável de entrega total. Não tinha nada que atrapalhava. Juntos buscaram corrigir seus erros, conquistavam pessoas mostrando a importância de se construir relações de amor verdadeiras e tiveram muitos bons momentos.

Mas como tudo na vida, nem só de bons momentos viveu essa relação. Muita gente desconfiava de tanta empatia e sintonia, outros simplesmente não concordavam com as ideias que defendiam juntos e ainda entre eles a relação por vezes deu sinal de desgate. Uns mais fortes, outros menos. Nisso foram quase 9 anos de relação incansáveis e de dedicação integral.

Eis que surpresas acontecem na vida, eis que a mãe de Noel falece e tudo começa mudar. Agora nosso amigo teria que voltar a viver, em alguma medida, com sua cidade natal, assumir outras responsabilidades e mudar parte de sua vida. Nessa volta pra sua cidade uma supresa sem tamanho acontece, Noel reencontra seu amor platônico. O que poderia ser um problema tornou-se numa surpresa inacreditável.

Chegando ao velório de sua mãe percebeu que seus dois amores não eram tão distantes assim. Noel jamais esperaria por esse momento e esse acontecimento. Assim que seu antigo amor platônico encontra seu atual amor surge um grande abraço e uma emoção incontrolável entre ambas. Parecia que se conheciam e não fazia pouco tempo. Atônito, Noel percebeu que ambas era idênticas, mesma cara e feição. Não poderia ser, como seria explicável isso?

Imediatamente exigiu uma explicação e foi surpreendido com a seguinte história: Ambas foram levadas pela mãe para duas famílias diferentes, pois a mãe não tinha condições para criar. Eram irmãs gêmeas e foram criadas por família diferente. A mãe, para tentar evitar a separação das duas,entregou ambas as famílias com o mesmo nome, pois assim seria mais fácil das pessoas que as conhecessem fizesse a relação. Contudo, Noel, entregue a decepção e a paixão, foi impossibilitado de perceber isso.

Após o emocionado encontro ambas passaram neste momento a cobrar Noel o fato de não ter as aproximado ou ter realizado o encontro. A cobrança foi enorme e a cada dia que passava aumentava. Ainda sofrido com a perda precoce de sua mãe Noel, que já tinha problema com cobrança, ficou acoado e se esquivava no falecimento de sua mãe para não tentar explicar. A verdade é que não tinha explicação, pois sua primeira desilusão, ainda muito novo, gerou quase um bloqueio que impediu tal reconhecimento. E ao mesmo tempo a paixão com a que encontrou a segunda irmã foi o suficente pra também cegá-lo.

Com todas as dificuldades ele começou cada dia mais se sentir incompreendido e eis que Noel se viu acometido novamente por aquela sensação de amor e ódio. Aquela sensação que tinha ficado esquecida na memória voltou a bater. A cobrança foi o estopim, mas não foram a principal razão. Sem dúvida diante de tantas mudanças, novidades e surpresas ninguém fica normal.

Mas Noel decidiu levar adiante até que as coisas se resolvessem, pois acreditava que o tempo daria jeito. Tinha a mais plena certeza que era só uma questão de momento e que, ao contrário de quanod mais novo, deveria enfrentar essa sensação de amor e ódio. Mas é verdade era que nada era como antes. Nem com o 1o amor e nem com 2o. Algo tinha abalado e não estava como antes. Muito se pensou e nenhuma explicação era suficiente para reverter aquelas necessidade de fuga que Noel carregava. Uns diziam que eram simplesmente cansaço, outros achavam que de fato a situação era incontornável e tinha caso perdido.

Pra mim Noel esteve confuso demais e começou repensar toda sua paixão. De onde vinha, que fez por elas e que tinha aberto mão. Uma coisa era verdade, ele foi apresentado por sua mãe que tinha acabado de partir. Isso certamente o abalou. Mas creio que o que mais o confundiu foi o fato de culpar, em certa medida, ambas paixões o afastamento de sua mãe. Quando mais novo seu 1o amor recorrentemente levava sua mãe para longe e roubava bons momentos de sua convivência. O 2o fez com que ele se entregasse de corpo e alma e roubou boa parte dos momentos que poderia ter vivido com sua mãe. Em meio a tantas explicações Noel não aguentou e simplesmente decidiu tomar a decisão que fazia que aquele momento dolorido, confuso e inexplicável acabasse.

Numa decisão difícil ele decidiu afastar-se das duas. E foi muito cobrado, afinal era o responsável não ter as unido antes, ou seja, era muito responsável. Ao mesmo tempo sofria, pois afastava-se de quase toda história de sua vida dedicada à busca de encontrar esse amor. Sem falar que sua maior confidente não estava mais lá pra o aconselhar.

Foi então que chamou as duas, que tinha o mesmo nome, e disse:

Militância,

"preciso de um tempo pra mim. Assim como da primeira ilusão, que depois de um tempo pra mim, me reencontrei em sua irmã gêmea, creio que me entregando a esse momento egoísta possa encontrar solução para meus conflitos e voltar a encontrar a paixão e entrega que sempre busquei. Mas agora me desculpe, não dou conta, não consigo!
Precisava falar isso, ser sincero. Faz tempo queria dizer, acho que inclusive perdi o tempo e o argumento, mas que pra mim, agora, que vale é a explicação. Eu sei, sei que minha explicação parece inaceitável. Fui eu que quis da primeira vez e sou eu que sonhei da segunda vez. Mas agora preciso fugir. Em toda história é nossa obrigaçao escolher um caminho e ser responsável por ele. Claro, existe consequências! Mas estou disposto a elas.
Não me avalie por essa decisão, sabes que temos uma longa história.
É claro que tanta experiência, vivência e afinidade é bom, mas do contrário a torna pesada e ruim.
E peço muito, Militância, me perdoa. Tenho certeza que vou me resolver! Assim como da primeira vez, não tenho dúvidas que te desejo e que és meu destino, pois é minha escolha."