sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Uma simples caminhada...




Uma simples caminhada...

Nos dias atuais caminhadas não são usuais. E cada vez mais o senso de bom é não caminhar. Não estou falando daquelas com finalidade de exercício físico, estou falando daquelas funcionais. Ir para trabalho e utilizar seus pés como meio de transporte. Em Brasília então... Quase tudo conspira contra a caminhada, menos as paisagens, árvore...

Acontece que caminhar traz uma reflexão, aquele momento que vc se dedica aquela atividade e acaba vivendo ao seu redor, conhecendo locais e marcando visuais. Enfim, as caminhadas são de todo tipo. Sempre que viajo adoro apontar o nariz para um rumo e andar pela cidade desconhecida. São gratas as surpresas. Em Nova York cheguei na estação central e não sabia o que era. A sensação de inesperado torna o local turístico ainda mais interessante. O mesmo aconteceu em Buenos Aires e por aí vai.

Quando morava em Sampa e na Aclimação muitas vezes voltei do PT a pé pela avenida Liberdade. E me marca muito a sensação daquela caminhada. Um centro degradado e um congestionamento sinistro. O senso de velocidade era fenomenal. Simplesmente eu me sentia muito mais veloz que um carro, pois eles estavam em um mega engarrafamento. De que adiantava ter o carro e a pé chegava mais rápido. Me sentia poderoso.

Enfim, cada caminhada vai ser tranformando em uma grande e boa memória. Hoje eu tenho muita sorte de trabalhar perto do meu trampo. Ao mesmo tempo não uso como deveria as caminhadas, mas venho me esforçando. Durante muito tempo foi uma simples caminhada de casa pro trampo. Mas como sempre o simbolico tomou conta desses minutos.

Um belo dia estava jururu com a vida e nesses momentos fico saudoso dos bons momentos. E assim comecei minha caminhada para o trabalho. Eis que passo no prédio da FA na UnB e ali lembro de tantas passagens, do banco da praça, das disputas políticas, das aulas matadas, do CAPOL... bons tempos de início de UnB. Saindo da FA adentro o minhocão norte. Lembrei da minha sala de Antropologia, de Sociologia, FEB... das passagens em sala na greve, das mobilizações da pizza... até que caio no ceubinho e o momento mais marcante foi a assembléia de greve estudantil em 2001. 1300 estudantes e éramos simples dirigentes amadores... Lá reencontro o DCE e de passagem vejo o mural de fotos de nossas gestões em 2002/2003.

Chegando no UDFinho avisto a reitoria, meu atual local de trabalho. Assim que avistei o prédio olhei pra trás e pensei. Essa é a caminhada da minha vida. A minha história é resumida exatamente nesses 15 minutos de caminhada. Se hoje estou na reitoria foi pela militância iniciada na FA e no CAPOL, das salas do Minhocão reabrimos o DCE e de lá é como se pegasse um elevador pra São Paulo, onde fui da UNE e Secretário de Juventude do PT. Sem dúvida, a reconstrução do DCE que me abriu esses caminhos. Passado isso voltei a UnB e agora estou trabalhando na reitoria.

Depois desse dia a caminhada até o trabalho deixou de ser uma simples caminhada e virou um eterno relicário da minha vida.